Eis que, entre corpos dourados e sotaques carregados, me pego pensando se São Paulo é mesmo a escolha certa (já mandei a papelada pra matrícula pelo Sedex). Então eu dei uma boa olhada ao meu redor. Eu me identificava com aquilo? "Olha o mate com limão"; "Partiu?"; "Já é"; "Se pá". Não, eu não me identificava.
Nasci em São Paulo, mas saí de lá aos 3 pra morar em Cuiabá. Hoje adoro a cidade, mas não suportava que tudo acontecesse em São Paulo e nada em Cuiabá. Daí eu vim pro Rio. Apesar da minha família ser daqui e eu estar familiarizada com a cidade, a sensação de "intrusa" nunca deixou de existir.
Não pensem que eu odeio o Rio: ele é maravilhoso. Mas só pra passar uns dias. É aquilo: férias, verão, praia, Rio; desde que eu me entendo por gente (às vezes a cidade variava). Então, associei Rio de Janeiro a um clube, ou resort, que você vai pra se bronzear, fazer tererê, tatuagem de henna, acha tudo bonitinho e fica meditando sob o sol, e pronto. Depois você volta pra casa. Mas a minha casa é nesse clube. E isso é muito estranho.
Me surpreendi com o funcionamento da cidade: os deliverys vão até 1h, no máximo. Raros são os que ficam a madrugada toda. A cidade adormece mais cedo. Isso me irrita um pouco, não é esse o meu jeito de curtir a vida.
Os cariocas se divertem de uma forma diferente da minha. Se arrumam de uma forma diferente da minha. Esse negócio de sentir saudade da praia não cola comigo. Praia = férias. É muito bizarro morar nas férias, como escrito acima. Vou para onde ter cabelo azul é normal. Vou para onde acontecem mais festivais. Vou para onde tudo é 24h. Vou na paz. Vou segura: vou pra São Paulo. Um beijo pra quem fica ;*