terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Wasn't ready to beloved by you.

A gente poderia nunca ter se encontrado. Ela poderia ter desistido de sair de casa, desistido de pesquisar o que fazer no sábado, desistido de querer se divertir naquela noite, ficando em casa pintando as unhas.
Mas ela estava a fim. E depois dos três estágios pós-separação (suicídio, tristeza, aceitação) estava pronta para o quarto (pegação - haha). E foi. No começo, inibida, mas depois bateu a Cantina da Serra na cabeça, chutou a timidez pra fora e tomou a iniciativa. Um por um, até dar 4 da manhã e a Casa fechar. 
E, em meio à segundos de claridade graças à luz pisca-pisca que matava qualquer epilético fotossensível, lá estavam o par de olhos grandões.  Não deu muito tempo para pensar: *piscou*, te viu, *piscou*, soube seu nome, *piscou*, se beijaram. E assim, sem mais nem menos, o estágio quatro foi embora junto com a última *piscada*.
Rolou contato, convite, promessa e, dois dias depois, a certeza da paixão. Em pouco tempo, a pretensão de um compromisso ficou evidente, ao menos para uma das partes, que se sentia de certa forma tão especial quanto a antepenúltima bolacha do pacote (sim, a última era exagero). E cada tempo era pouco, o dia merecia ter 25 horas, mas ao mesmo tempo era muito, daquelas vezes em que basta uma primeira vista para já gamar. Sua personalidade forte foi se derretendo, dando lugar aos típicos sinais de apaixonada.
Eis que então surge a conversa. O choro. A insegurança. O desespero. "A gente continua amigo", disse ele, "e você pode me visitar quando quiser". 
E o estágio quatro já era inexistente, e ela anda à procura de durex para remendar o que sobrou dos cacos do seu coração.


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

É só uma fase...

Só na T-shirt rasgada!
Eu tava fazendo o Desafio Musical de 250 Dias quando veio um dia que pedia uma música que me lembrasse uma festa, e eu botei Beat Your Heart Out, dos Distillers. Eu nem conheço Distillers direito, mas ver a Brody Dalle me fez lembrar de que, naquela época, eu queria me vestir que nem ela. De calça justa, blusa preta esfarrapada, All Star puído, lápis no olho e esmalte preto descascando.
Como se não bastasse a pulseira spike...
O único problema é que a minha mãe nunca deixava. E tinha um grupo de meninas de duas séries acima da minha que se vestia que nem ela, e eu e minhas amigas ficávamos na maior vontade de ser assim também. Wannabe? Poser? Não sei. Era coisa da idade. Tinha essa tribo na escola, a gente queria se encaixar e nos encaixamos perfeitamente nesse estilo. 
Daí esses dias eu comentei com a mamãe sobre meus desejos pré-aborrescentes e ela falou:
- É lógico, minha filha, quantos anos você tinha?
Eu tinha uns 10, 11. E "10, 11" pra mim não é mais criança. Mas para minha mãe é (Aliás, nós NUNCA deixaremos de ser crianças aos olhos dos nossos pais ¬¬). Mesmo assim, acho que não justifica. Qual o problema de usar preto todo dia, pintar as unhas e deixá-las descascando, usar pulseira tipo spike e querer fazer moicano (sim, eu queria fazer moicano!)? Deixa a guria seguir seu estilo, é fase.
Olha que belo exemplo!
Eu sei que minha mãe deu um ultimato: me proibiu de vestir roupas pretas. E eu fiquei muito puta e achei aquilo completamente sem sentido, e acho até hoje. Orra, meu, era uma parte da vida que eu estava em um momento de TRANSIÇÃO, querendo me auto-afirmar (isso tá certo?), e aposto que se as tais meninas de duas séries a mais que a minha fossem patricinhas/skatistas/metaleiras/funkeiras eu também gostaria de ser, pois o meio social é algo de uma influência muito grande, só depois, com maturidade, é que você vai definir quem você é de verdade. Mas deixa a pessoa passear por dentre essas tribos. Se não, corre o risco dela ser para sempre a mesma pessoa pro resto da vida. Olha só que chatinho?

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Vegetariana, bissexual, ateia e...peraí, bissexual!!?

Ontem minha professora de espanhol passou um exercíciozinho que era assim: tínhamos que falar sobre nós, ou sobre um personagem que inventamos, com uma frase começada assim: "a los(as) chicos(as) que quieran conocerme..."; lá fui eu toda alegre escrevendo: 
"A las chicas que quieran conocerme, soy muy sonriente y extrovertida. Soy tambiém delgada, tengo pies grandes, gafas y aparata fijo, y mi pelo es rizado. Me gusta mucho salir con los amigos para beber e asistir shows de rock. El veraneio, playa y carnaval me encantan mucho, y no me gusta el invierno. Soy vegetariana, bisexual y no creo en dios alguno. El único desporte que me gusta es danzar."
Só que a professora queria gravar, e precisava de um voluntário para testar o som. Eu geralmente levanto a mão nessas horas, mas fiquei acanhada com o "bissexual"...ninguém ainda sabia, mas eu jurava que tava na cara que eu era. Passou-se, sei lá, meio minuto e ninguém queria ir, então pensei: "ah, quer saber? É só uma orientação sexual! Aqui na EDEM é todo mundo cabeça aberta!" e fui.
Chegou na hora da última frase eu resolvi fingir que a declaração mais polêmica seria a de que eu considerava dança um esporte, mas, para a minha surpresa, ninguém esperava isso!!!! Fiquei incrédula! Logo depois que eu terminei, a Joana falou: 
- Nossa, revelações hoje!
Dei uma risadinha e o Tiago depois falou:
- Quantas meninas você já beijou?
- Nenhuma! - eu disse.
- Mas então, como você sabe que é bi?!
- Quando você era BV e virgem, como você sabia que era hétero?!
- Pode crer...teoria das ideias inatas!
Bom, essa história de bissexualidade demorou pra cair a ficha. Na quarta, terceira série eu achava as mulheres lindas, muito bonitas e pá, mas achava uma coisa normal, ué, toda mulher acha outra mulher bonita! Mas eu ia além, pensava nas mulheres como um hétero pensa! E só me dei conta disso aos 16, quando um amigo estava analisando meu caderno, que era todo customizado com imagens de revistas e me perguntou:
- Julia, vem cá...por que que só tem mulher no seu caderno?!
- Ah, não tem só mulher!
- Ah, não? Então me mostra um homem que tem aqui.
Procurei, procurei e só achei UM homem. E nunca tinha reparado nisso!!
- Ah, porque...porque...porque eu achei elas bonitas!
Fiquei absorta uns 15 segundos, e meus amigos que estavam juntos começaram a brincar, perguntando coisas como:
- Você gosta mais desta ou desta mulher? Gosta dela mais magricela, que nem essa ou tem que ter corpão, que nem essa outra?
E só então dei por mim: não tem nada demais em ser bissexual, Julia Brunken! Me diz um motivo para você não ser!
Apesar de eu achar que chamo muita atenção, o povo da sala parecia que não tinha gaydar (o radar para detectar gays).

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Do Largo do Machado à Penha, não há nada igual no mundo.

Minha escola convidou a gente para um teatro lá na Lapa, que ia ser às 20h. Tinha que chegar no mínimo 10 pras 20h e adivinha? Eu enrolei até dar umas 19h40, que foi quando eu saí de casa. Fui pelo Parque Guinle, correndo, chegando em frente a casa (ou sede, sei lá) do Sérgio Cabral eu dei um pulo e - PLOFT! - caí no chão. 
- Porra! Caralho! Aaaaaaaaai, putaquipariu!
 Foi um tombo feio, mas só percebi depois. Os seguranças vieram devagarzinho ver se estava tudo bem, mas eu disse que não precisava de ajuda. Fui descendo as escadas e vi as minhas mãos: pareciam as chagas de Cristo. Em carne viva, sangrando pra caramba. Levantei as mangas e vi os cotovelos: Sangrando, mas num estado bem melhor que as mãos. Ainda tinham os joelhos e o quadril, mas só o joelho direito sangrou um pouco. Fui passar numa farmácia. Levantei as mãos e disse:
- O que eu tenho que passar nisto?
- Fulano, dá uma gaze e um antisséptico pra ela!
- Oi hehe. Olha a gente tem álcool a 70%...
- Mas isso vai arder pra burro! Num tem Merthiolate que não arde?
- Tem, tá aqui.
- Vou precisar de esparadrapo pra prender a gaze, né?
- É, hehe. - O cara dava uma risadinha com um sorriso amarelo.
Botei tudo na mochila e fui pro ônibus.
- Lá eu faço o curativo - pensei.
 Pego o ônibus e, quando ele chega sei lá, no ponto seguinte já são 20h10. Ah, dou risada, vai. Agora eu vou saber o que é que eu faço quando fiz um machucado desses. Meu plano era: fazer o curativo, ir pra Lapa tomar uma Coca-Cola e pegar o metrô pra ir embora. Beleza, o ônibus foi andando, vi a catedral.
- Ah, ainda vamos passar pelos arcos da Lapa, depois que o ônibus passar eu salto ^^
E o ônibus foi andando. Daí eu comecei a reparar num cenário esquisito.
- Será que sempre que eu venho eu não reparo no cenário? Ou será que eu já passei do ponto? - pensei, e resolvi tirar a dúvida com a mulher do meu lado:
- A gente já passou a Lapa?
- Há muito tempo.
Pô, vacilo...Então já sei: vou com esse ônibus até o ponto final dele, volto e salto perto de algum metrô. Enquanto isso vou fazendo o curativo.
- Isso aí você tem que lavar antes...- disse a mulher de 4 linhas atrás.
Nhé, beleza, uso a gaze pra estancar o sangramento. 
Sinceramente, não vi muitos pontos negativos. Veja pelo meu ponto de vista: eu teria em casa agora esparadrapo, gaze e Merthiolate e, de quebra, conheço um pouco mais do Rio. E descobri várias coisas. Descobri que Méier era muito mais longe do que eu pensava, Bonsucesso e Penha eram realmente longes, a Av. Presidente Vargas definitivamente não ficava do lado de Copacabana, descobri aonde ficava a Frei Caneca. Tá vendo? Várias coisas legais. Não tive medo de ser assaltada porque fiquei na frente da cobradora na ida e, na volta, ela me mostrou o ônibus que eu ia pegar (que já estava iluminado com motorista e cobradora dentro), explicou minha situação e não tive que pagar outra passagem. Em nenhum momento pensei: "ih, fudeu!", como todas as pessoas falam (ou fazem essa cara) quando eu digo o que aconteceu. Tampouco chorei quando vi os ferimentos. Gritei, xinguei, mas chorar não chorei. 

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Os tais cortejos sexuais.

Hoje meu professor de biologia falou dos fatores que tornam possível a reprodução: a sazonalidade (o ciclo menstrual da fêmea), a compatibilidade anatômica (não tem como um cavalo transar com uma sapa porque...é, isso aí.) e o cortejo sexual. O que é isso? Bom, acompanhe-me:
Não interessa à "pavoa" um pavão forte. Ela quer é um bonito, de penas brilhantes e coloridas. E não interessa à "rinoceronta" um rinoceronte com um chifre lustroso. Ela quer é um rinoceronte fortão. E isso acontece na espécie humana também. Como? Bem, siga-me:
Não adianta chegar num grupinho de fãs do Iron Maiden dizendo que tem ingressos VIP para uma festa com o DJ Marlboro. Assim como não interessa para a maria gasolina que você está se amarrando num livro da Simone de Beauvoir. Vamos lá, todas nós temos nosso próprio cortejo, meninas. Quer saber mais? Ok, veja comigo:
Meu cortejo varia de tempos em tempos. Já tive a época das costas (ai, que costas malhadas o Fulano tem, queria tanto ficar com ele!), a época dos estágiarios e das pintas - que ocorreram simultaneamente. Imagine, já topei ficar com um cara super feio só porque ele era estagiário e tinha mais de 100 pintas pelo corpo! Nós contamos! Tem cortejos clichês que não me atraem. Por exemplo, carros. Nem se ele dirigisse uma kombi (que é meu carro preferido) eu ia querer. Pelo contrário, ia achar que ele era um tarado que ia me pegar na kombi! Hahsuahsuah. Homem MILIONÁRIO não me atrai. Não vou negar dizendo que dinheiro não me atrai. É legal ter um cara pra pagar a conta, os ingressos do cinema ou a passagem do ônibus. É para o excesso de dinheiro que eu não ligo. Cabelo comprido me atrai, e muito. Atualmente, meu cortejo maior tem sido sobrancelhas. Sou capaz até de lembrar das pessoas pela sobrancelha delas.
Cara surfista não me atrai. Cara skatista me atrai. Cara que banca o machão não me atrai. Cara que não esconde os sentimentos me atrai. Cara que pensa com a cabeça de baixo não me atrai. Cara que pensa com a cabeça de cima me atrai. Cara que lê Men's Health não me atrai. Cara que lê livros me atrai. Enfim, são infinitas as escolhas. 
Outra coisa que meu professor comentou foi que, nas festinhas de 3ª, 4ª série, os meninos ficavam de um lado e as meninas de outro. Aí começava a briguinha de meninos, pra ver quem era o mais forte. As meninas, que já eram mais avançadas, olham e pensavam "ai, que boboca". Sempre tinha o menino mais velho, de fora, que conversava com a menina direito e que conseguia ficar com a mais gata da festinha. XD

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Moda é moda, não importa o corpo.

Diretamente de Woodstock!
Vi numa revista GLOSS antiga o blog da @Juzinha_Diva, o Entre Topetes e Vinis, que já figura nos meus pacientes. Lá, falava que era de uma menina gordinha falando que amava moda e nem por isso deixou de se vestir bem. "Legal", pensei, "mas deve ser só para as gordinhas, então eu não tenho nada a ver". Ledo engano: resolvi entrar uma vez só pra ver como era. E não consegui mais parar de ler! 
Ela tem um estilo muuuuito legal, e me inspirou a voltar a ser benloka na hora de me vestir; eu tava usando umas combinações muito básicas, nem me reconhecia mais: ano passado e retrasado eu causava furor com minhas roupas hahahha.
E o mais bacana é que é inverno e eu sempre acho difícil parecer bonita no inverno. Pois ela deu umas dicas ÓTIMAS e até me inspirou, com este post aqui, a tirar meu poncho hippie e fresquinho do armário - nunca pensei que uma peça de verão poderia virar de inverno! E não é a primeira vez que ela posta uma coisa desse tipo: já ensinou a fazer vestido de verão virar de inverno (nesse post ela também fala sobre as vantagens de ter muito ou pouco peito. Adorei o comentário sobre a Kate Hudson! Me senti mais segura). Como se não bastasse, ela dá dicas de penteados e maquiagem! É mole ou quer mais?
Então, fikdik! O blog é de MODA, não necessariamente de MODA PRA GORDINHAS.

sábado, 25 de junho de 2011

Prefiro suar a tremer.

Eu não sei como tem gente que pode gostar de inverno. Nariz escorrendo, ir de 5 em 5 minutos no banheiro para o assoar, anosmia (falta de olfato) e, consequentemente, perda de metade do paladar que não consegue aproveitar 100% do sabor das delícias típicas de inverno (chocolate, fondue, etc.), dor de garganta, corpo contraído, pele doentia (não é só pálida, é...opaca, feia)...
Aí meus amigos que odeiam verão dizem: "ai, verão, ficar suando, fedendo...". Sim. E...? Que mais? Ficar coradinha de sol, botar qualquer muda de roupa que já tá bom, ficar mais loira, ter o calor entrando em cada pontinho do seu corpo e se sentir preenchida por ele, céu azul, bonito, colorido...no inverno é tudo gélido, branco, nublado, chuvoso. Acordo e muitas vezes não consigo respirar pelo nariz. 
Esta minha aparência engana pra caramba: quem me vê não acredita que eu adoro o veraneio e a praia. E praia mesmo, nada de cachoeira: com aquela areia que gruda na pele e o mar que me dá medo de entrar, mas é bonito de se ver. E salgado, imenso, nossa, muito lindo, muito lindo.
E termino com uma cantiga dos tempos waldorfs de Livre Porto:
"Sol, querido Sol
Sua luz vem me acender
Brilha em mim suavemente
Pra eu também brilhar"

domingo, 12 de junho de 2011

Tô preparada.



Por um acaso, eu me peguei vendo um clipe da Pitty no Youtube. Eu nem sou fã dela, e ouvia essa música porque na época só dava ela, mas nunca prestei atenção. Pois bem, dessa vez eu prestei. E associei ela à minha prova da UERJ. 
Eu andava muito insegura de 2008 pra cá (sim, você leu bem: foram anos sentindo o que vou descrever), sempre me deixando cair em tristeza profunda (depressão é uma palavra forte, vá) por uma notinha baixa que fosse. E, a cada nota baixa, eu me achava mais incapaz e burra. Foi assim que eu fiquei: nunca me achava à altura de fazer qualquer coisa do meio acadêmico, de um modo bem geral.
Eis que, ano passado, eu conheço o Gabriel. O Gabriel repetiu na EDEM mas passou no ENEM. Daí que eu soube que o ENEM era, também, um certificado de que você concluiu o ensino médio. Isso me deu uma boa esperança: se ele conseguiu, ora bolas, por que eu também não consigo? 
Antes da prova da UERJ, eu andava ainda meio insegura. E resolvi então relaxar nos dois dias que antecederam a ela pra fazer a prova de cabeça fria. Fui na casa do Trope, na pedicure, no cinema. Não me lembro de ter dormido um sono pesado, acho que dormi num constante sono REM (aquela fase do sono em que você está sonhando e que seus olhos se movem rapidamente - Rapid Eyes Moviment).
E sei que fui pra prova mais confiante. E, quer saber? Se nada der certo, valeu como experiência.Tô preparada pro que der e vier. ,)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Várias formas de amar.

8:50. Aula de Física.


Vitória


Fala sem pedir atenção. E nem precisa. Tamanha desenvoltura e confiança fazem todos os olhos voltarem para ela. Sorri de orelha a orelha quando acerta a resposta - e sempre acerta - e abre os olhos quando erra para ouvir a explicação. Aqueles olhinhos cor de mel me fazem esquecer até a pior nota de física.


12:40. Almoço.


Adelaide


Um cabelo tão resplandescente que é capaz de ofuscar nosso astro Sol, que os faz brilhar e me deixa quase cego. As sardinhas na nuca, que gosto de brincar de liga-pontos quando fico atrás dela na fila do caixa, o perfume frutal que exala e continua exalando a dez metros de distância, e que alivia a dor de já não estar mais perto dela.


16:50. Treino de basquete.


Leonardo


De me deixar babando e perder de 50x0 se meu time dependesse só de mim. Sempre cometo alguma falta, de propósito, para ficar no banco de reservas, observando aquele semi-deus com um corpo meticulosamente malhado tentando disfarçar a magreza, de pele branquíssima, que contrasta com os cabelos negros e as sobrancelhas de acabamento enquadrado. Um sorriso que permanece na memória por muito tempo. Ou pelo menos até as próximas quatro horas.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Veja o sol dessa manhã tão cinza.

Sumida, eu? Vamos recuperar o tempo perdido:
Tenho dormido muito com meu namorado. O problema é que tenho dormido em dia de SEMANA, e a aula dele começa mais cedo (7h) que a minha (7h40), e ele demoooora pra acordar e eu fico morrendo de pena de acordar tal criatura que parece intocável de tão pura, tão mansa e tenra, tranquilo ao meu lado. 
Mas temos que acordar. E fica um tal de chamego pra cá, abraço pra lá, carinho acolá...o tempo nunca é nosso amiguinho e quando a gente vê já é tarde e ele acaba se atrasando. E não tem a mesma sorte de ter uma aula que começa tarde.
Na sexta ele tem um descanso a mais, já que o curso de game developer (nerd? Imagina!) começa às 8h. Mas é na Barra e eu moro longe da Barra. 
O mais chato é que, com namorado, a gente não liga pra horário e fica acordado até meia-noite, mostrando coisas interessantes na internet, fazendo carinho, trocando opiniões, etc. etc. E não pode dormir tarde!
A última vez fui de camisa listrada tamanho GG - supertendência, tá? Hunf - pra escola, preparei a mesa do café da manhã toda bonitinha e quando vejo são 5 pras 7. E ir pra aula de barriga vazia não pode! Toma pelo menos um copo de leite.
Mas se a gente pensar que estar junto novamente já é uma coisa tão digna, tão maravilinda, vamos nos dar conta de que nem foi tempo perdido. Somos tão jovens e temos nosso próprio tempo. E tenho dito.

domingo, 1 de maio de 2011

Contraindo o descontraído

- Antônio! O Alfredo me chamou pra almoçar na casa dele, vamo?
- Ah, sei lá, nem conheço ele...
- Que nada! Não tem essa com ele. Ali todo mundo é da casa, sem cerimônia, num tem frescura.
Sem frescura? Já é, então. Boto meu bermudão, minha camiseta estilo "liberdade pra dentro da cabeça", meu chinelo e vou. Chegando lá, mas que vergonha: um apartamento por andar, 500 m² só na parte de baixo, empregadas uniformizadas, orquídeas...enxergo o anfitrião: relaxado? Tudo pose: camisa pólo Ralph Lauren, bermuda nude, sapato Crocs, chapéu Panamá.
- E aí, cara, tudo bem? O Bruno me falou muito de você.
- Tudo ótimo, claro...- falou bem ou mal? Falou que trabalhava nas Casas Bahia e morava num quarto-e-sala ou que era o primeiro em Geografia e fera no surf?
- Senta aí. Vou trazer alguma coisinha pra vocês beliscarem. Valentina, traz aquele couvert e a manteiga de ervas? Ô, obrigado!
Chega a comidinha. Três tipos de queijo, todos importados. E uma faca para cada um, né? Onde já se viu cortar Gruyère com a mesma faca de brie? Na mesa, livros de artistas renomados, tudo hype: Warhol, Rothko...
- Ih, o pessoal já tá chegando!
Pessoal? Meu deus, socorro! Todo mundo com aquela pose de relaxado, com o visual milimetricamente planejado. A casa era tão grande que não havia interação. Cada um na sua panela, e acaba que a gente não sai pra se divertir, mas pra ficar conversando coisas que se falam em particular, coisas muito pessoais, um clima muito antissocial reinava.
- Senhor, avisa que a comida já está pronta - diz a empregada, coitada, tímida, temendo chamar atenção e ser descontada no salário.
O clima "relax" predominava na mesa também: eram frutos do mar, lula frita, salada de carambola com rúcula baby e cogumelos selvagem. Cara de praia, claro. Mas praia do Hawaii, não do Rio. Praia chique.
Um descontraído tão superficial que as próprias pessoas estavam contraídas, tentando manter a pose não-estou-nem-aí; como se aquele ambiente fosse um fruta, um limão - siciliano! - que eu me situava na casca dele, e quando o espremi para ver se tirava a essência do real descontraído, já estava em casa. Aonde ninguém finge ser melhor do que é e a cerveja somos nós quem servimos.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Sejamos gays. Juntos.

Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, foi encontrada morta na pequena cidade de Itarumã, Goiás, no último dia 6. O fazendeiro Cláudio Roberto de Assis, 36 anos, e seus dois filhos, um de 17 e outro de 13 anos, estão detidos e são acusados do assassinato. Segundo o delegado, o crime é de homofobia. Adriele era namorada da filha do fazendeiro que nunca admitiu o relacionamento das duas. E ainda que essa suspeita não se prove verdade, é preciso dizer algo.
Eu conhecia Adriele Camacho de Almeida. E você conhecia também. Porque Adriele somos nós. Assim, com sua morte, morremos um pouco. A menina que aos 16 anos foi, segundo testemunhas, ameaçada de morte e assassinada por namorar uma outra menina, é aquela carta de amor que você teve vergonha de entregar, é o sorriso discreto que veio depois daquele olhar cruzado, é o telefonema que não queríamos desligar. É cada vez mais difícil acreditar, mas tudo indica que Adriele foi vítima de um crime de ódio porque, vulnerável como todos nós, estava amando.
Sem conseguir entender mais nada depois de uma semana de “Bolsonaros”, me perguntei o que era possível ser feito. O que, se Adriele e tantos outros já morreram? Sim, porque estamos falando de um país que acaba de registrar um aumento de mais de 30% em assassinatos de homossexuais, entre gays, lésbicas e travestis.
E me ocorreu que, nessa ideia de que também morremos um pouco quando os nossos se vão, todos, eu, você, pais, filhos e amigos podemos e devemos ser gays. Porque a afirmação de ser gay já deixou de ser uma questão de orientação sexual.
Ser gay é uma questão de posicionamento e atitude diante desse mundo tão miseravelmente cheio de raiva.
Ser gay é ter o seu direito negado. É ser interrompido. Quantos de nós não nos reconhecemos assim?
Quero então compartilhar essa ideia com todos.
Sejamos gays.
Independente de idade, sexo, cor, religião e, sobretudo, independente de orientação sexual, é hora de passar a seguinte mensagem pra fora da janela: #EUSOUGAY
Para que sejamos vistos e ouvidos é simples:
1) Basta que cada um de vocês, sozinhos ou acompanhados da família, namorado, namorada, marido, mulher, amigo, amiga, presidente, presidenta, tirem uma foto com um cartaz, folha, post-it, o que for mais conveniente, com a seguinte mensagem estampada: #EUSOUGAY
2) Enviar essa foto para o mail projetoeusougay@gmail.com
3) E só :D
Todas essas imagens serão usadas em uma vídeo-montagem será divulgada pelo You Tube e, se tudo der certo, por festivais, fóruns, palestras, mesas-redondas e no monitor de várias pessoas que tomam a todos nós que amamos por seres invisíveis.
A edição desse vídeo será feita pelo Daniel Ribeiro, diretor de curtas que, além de lindos de morrer, são super premiados: Café com Leite e Eu Não Quero Voltar Sozinho.
As fotos podem ser enviadas até o dia 1º de maio.
Como diria uma canção de ninar da banda Belle & Sebastian: ”Faça algo bonito enquanto você pode. Não adormeça.” Não vamos adormecer. Vamos acordar. Acordar Adriele.
— Convido a todos os blogueiros de plantão a dar um Ctrl C + Ctrl V neste texto e saírem replicando essa iniciativa —

terça-feira, 29 de março de 2011

Morando sozinha, com meu primo.

Julia: ...daí minha mãe vai ficar morando esse ano em Cuiabá, e...
Joana: Peraí, você tá morando sozinha?
Julia: Não, tô morando com meu primo, que estuda com a gente o.Õ
Joana: É, morando sozinha.


Liane: Quer dizer então que você tá morando sozinha, hein?
Julia: Não tia, tô morando com o Jão. 
Liane: Você entendeu o que eu quis dizer.


"Morar sozinha" não é um verbo seguido de um adjetivo. Não é morar sem mais ninguém. É ficar sem pai nem mãe para lavar a louça/lembrar-nos de lavar a louça. É não ter que ouvir chateações porque você deixou os sapatos espalhados e arcar com o home parkour exigido. Inclui também se alimentar direito [pelo menos pra quem se preocupa com isso - eu e João (quer dizer, acho que ele se preocupa)] e escrever receitas vegetarianas (no meu caso) variadas que vão durar a semana toda. Consumir os alimentos tomando cuidado para nenhum estragar.
Nunca achei que "morar sozinha" seria motivo de tanta desordem na casa; mas temos que lembrar que meu primo também é bagunceiro. Somos ambos proteladores(nunca deixe para amanhã o que você pode fazer depois de amanhã), mas companheiros ("a louça tá grande, lava o que tem fora que eu lavo o que tem dentro dela"). Irresponsáveis (a barata apareceu por obra do acaso, não pelos restos de comida) e ao mesmo tempo responsáveis [o João passa suas roupas enquanto eu tiro as que já estão secas no varal - minha parte parece fácil, mas ninguém (leia-se João) faz e fica um amontoado de roupas a serem lavadas na máquina].
Em suma: Morar sozinho parece fácil, mas é difícil. Mesmo quando você mora sozinha com alguém.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Olhos verdes.

Ele é novidade, você é antiguinho. Ele é o cara, você é só fofinho. Suas habilidades fazem todos se surpreenderem. Inclusive você, mas você não quer dar o braço a torcer. E quando ele as bota em prática, você fica esquecido, lá no cantinho.
Você pode até ter amigos. Mas se ele chega a atenção se volta para ele, e você fica tentando se dar bem num assunto em que você não domina.
Desistie, vai. Quais são suas aptidões? Do que você é capaz? Não entende que ninguém se interessa por você? Quanto mais essas constatações vêm à sua mente, mas seus olhos se esverdeiam. E quando tudo acabar, quem vai ser lembrado é ele, não você. Ah, claro: você era o simpático, o fofo, o...o...que mais? É só isso que você é? 
Começa a botar as manguinhas de fora pra se fazer notar, porque senão, o brilho dele vai ser tão resplandescente que vai te ofuscar a tal ponto que você não ficará na memória de ninguém.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Mulherzinha!

"Mulher de vez em quando gosta de encarnar a mulherzinha, aquele espírito maldito que desce de vez em quando pra fazer a gente se sentir super tudo e nada ao mesmo tempo. Tipo quando você acabou de sair da sessão semanal de cabeleireiro (se você tiver paciência de ir) e fica se achando gostosíssima; esquece que não nasceu pra ser loira-burra. O pior de encarnar a mulherzinha não é ter como objetivo supremo homens aos seus pés e aura de sereia. O pior é quando a gente para pra ler o jornal e lembra que o mundo tá em guerra e a economia tá uma merda. Aí bate aquele pesinho na consciência e a gente se sente mal por ficar preocupada com o número de homens que a gente tá tentando beijar enquanto as criancinhas estão morrendo no Sudão e coisa do tipo.
Acontece que existem mulheres que não encarnam essas mulherzinhas, elas são as próprias. O tipo de gente que nós vemos nas revistas de fofocas (ai, que coisa de mulherzinha), na balada, na faculdade, no ar e por todos os lugares, e que não entende que o mundo não vai acabar se a sua unha quebrou ou se o cabelo tá estático por causa do tempo. 
Tudo bem, de vez em quando é legal encarnar uma dessas e virar a femme fatale porque você se encheu de ser a encalhadona, mas E A CABEÇA, MULHERADA? Devia existir centro de reabilitação para este tipo de gente. E eu não tô falando só de mulheres não, tem muito homem encarnando a mulherzinha também. Sabe aquela frase bonitinho, mas ordinário? Nossa, perfeita para esse estilinho de humanóides.
Por quê eu tô com tanto ódio nesse meu coraçãozinho? Quero ver se esqueço um pouco os anúncios de revistas recheados de mulheres lindas e se fico menos deprimida com a minha aparência estilinho-ai-como-sou-fora-do-padrãozinho (SAI, MULHERZINHA)."
(Ana Ísis Marpedice)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Um furacão de arroz e feijão.


 Esse menino aí das fotos é o meu primo, que vai morar comigo este ano. Seu nome é João Furaca. Ele tem esse apelido porque, quando criança, era como um furacão (dã).
Hoje, nós resolvemos fazer comida em casa, logo depois da excursão escolar para o cinema, ver o Lixo Extraordinário (que aliás é ótimo, recomendo!). Pedimos até ajuda à Cibele, a coordenadora:
- Deixa o feijão de molho em água morna, pra amolecer, bota na panela de pressão e, quando começar a apitar, abaixa o fogo. Daí refoga o alho com óleo e bota o feijão lá.
Certinho. Tivemos que fazer arroz também, tinha acabado o que estava pronto.
Prova daqui, prova de lá...
- Julia, e se a gente usasse este tempero aqui? 
- Esse caldo pronto da Knorr? Isso aí tem gordura de bacon.
- Mas só um pouquinho...
- Ai, tá. Ai de você se isso não ficar bom, hein?
Olha, não ficou ruim. Mas não estava aqueeeele arroz com feijão. O feijão ficou meio ralo, o arroz ficou queimadinho. Mas ficou com um gosto que pouco arroz e feijão tem: o do companheirismo. E um brinde à essa refeição! A primeira de muitas!




E aí, alguém se atreve a arrumar?

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Levanta, sacode a poeira e...

Se você sente tanta mágoa deste seu passado, por que fica querendo relembrá-lo? Pensar em estratagemas para dar a volta por cima, criar músicas que expressam sua raiva, guardar lembranças para ficar cuspindo e pisando nelas - nada disso vai ajudá-la a esquecer, muito pelo contrário. Quanto mais você o guarda escondidinho na gaveta, mais ele cresce, e você sabe disso. 
Já foi, já passou. Você já está melhor agora, não está? Então esquece isso de uma vez. Se não quer revivê-lo então não o procure. Mas não é tão simples assim. A sua felicidade é tão grande que você sente vontade de exibi-la a todo mundo. Inclusive a esse passado que te deixou tão no fundo do poço, tão desvalorizada, chorando no cantinho. Quer mostrar que já está melhor. Mas pra que? O passado vai continuar existindo, te dando um tchauzinho toda vez que você olhar pra trás. Então pare de achar que tem que esufar o peito e andar por aí de queixo erguido.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Projeto 3meia5.

Fiquei sabendo por intermédio da Amanda do projeto 3meia5. Consiste, basicamente, em ter 365 posts de 365 autores diferentes. Não adianta vir com a desculpa "ah, mas nem sei sobre o que eu vou postar" ou "nem sei escrever tão bem assim". Escreve sobre algo que aconteceu contigo naquele dia. Nem precisa ser tão importante. 
Seu professor te humilhou comentando em alto e bom tom sobre sua nota baixa? Posta sobre isso (ocultando o nome dele, para não te causar problemas). Sua mãe te obrigou comer iogurte vencido só pra não jogar comida fora? Opa, isso dá um post. Seu cunhado é negro e descascou a pele por causa da exposição solar e ficou com uma mancha branca parecendo vitiligo? Olha a inspiração dando um oi.
Como viram, coisas corriquieiras, bestas, pequenos prazeres, desabafos, comentários, observações, tudo pode dar um post.
Interessaram? Mandem um e-mail para nieroivan@gmail.com




P.S.: Chequem o blog dia 22/6! Meu post estará iluminando o lugar hihiihih

sábado, 1 de janeiro de 2011

Nem sei que horas da manhã.

31 de dezembro. Depois de meia hora no ônibus, a recompensa: fogos de artifício vistos do 28º andar de um triplex em Copacabana. Logo depois, eu e Trope tentávamos pegar um ônibus ou um táxi pra casa da namorada de um amigo dele. Tudo lotado. Tanto ônibus quanto táxi. E dois sortudos perto de nós pegaram um táxi vazio. Vamos caminhando até achar alguma coisa que sirva então. Isso eram 2 da manhã.
Caminhamos, caminhamos, seguimos a canção. De repente bate a vontade de ir no banheiro:
- Será que a gente acha algum mais pra frente, Trope?
- Tem um ali...mas é só para clientes.
- Compra qualquer coisa que eu já tô indo!
Fui. Quando voltei, perguntei:
- Ué, num comprou nada?
Ele fez que não com a cabeça. Naquela hora, as pessoas estavam mais preocupadas em dançar do que em cobrar alguma coisa.
- Vamos sair dançando pra acharem que éramos clientes...
Lagoa. Andamos, andamos...
- Trope, tô com fome. Quer parar no Bob's ou tem coisa pra comer na sua casa?
- Hum...na minha casa, que você possa comer, só tem ovo e biscoito...rsrsrs
Compramos uma batata e uma Coca grande. E fomos seguindo o caminho.
- Ai, tô com cãimbra.
- Vamos atravessar a rua pra ver se a gente consegue um táxi.
- Ok...
E adivinha? O primeiro táxi que passou estava vazio!
- Rua Lopes Quinta, por favor.
- 15 reais, tudo certo?
- Aham.
4 da manhã, exaustos, desistimos de ir à casa da menina e fomos dormir. Enfim, um descanso.
Feliz ano novo pra todo mundo...