13 anos. 'Eu quero me casar quando tiver uns 23'. 'Ah, muito cedo, antes
quero viajar pelo mundo. Vou me casar com 28'.
Não me admiro, porque quando eu tinha a idade delas também havia este tipo
de papo, quero--me-casar-com-tantos-anos. E a faixa não variou muito,
apenas se estendeu um pouco. Até hoje, entre os 25 e 35, toda mulher quer
estar bem encaminhada no amor. Se até os 35 não rolou nada de sério,
salve-se quem puder, porque tem o tal do relógio biológico e seu tic-tac
macabro.
Estou falando, naturalmente, das mulheres de Neanderthal. Mulheres modernas nem pensam nisso, casam-se uma vez por ano, tatuam o nome de todos os
namorados pelo corpo, tudo é pra sempre, tudo já foi, passado e futuro são agora. Um, dois e já, marido novo, é enlaçar e correr pra capa da Caras.
Mas voltemos à idade das cavernas (o mundo de hoje comporta todos os
períodos) onde algumas mulheres aindam planejam ter um marido pra vida
inteira, filhos, um lar estável, essas coisas pré-históricas. Pois bem. Ela
quer se casar. E não está a fim de esperar pelo grande amor, pois ele
sempre chega adiantado ou atrasado demais. Vá que ele apareça quando ela
tiver 18. Nem pensar, ela recém entrou na faculdade e ainda quer beijar
todas as bocas que cruzarem sua frente. E se o grande amor resolver pintar
quando ela estiver beirando os 50? Nem pensar também, ela vai ficar se
distraindo com o quê até lá? Ele tem que chegar na hora combinada: entre os
25 e 35 anos. Ei, grande amor, agende-se! Senão o pequeno amor vai ficar
com o prêmio.
E lá vai o casal para o altar: a neanderthal adestrada pra se casar e o
pequeno amor promovido a grande amor porque chegou pontualmente. Como é que
acaba esta história? Na maioria das vezes, acabando.
Não é uma visão muito romântica dos casamentos, mas realista. Mulheres que
foram educadas pra se casar não lidam bem com esta história de 'se tiver
que acontecer, acontecerá'. Nada disso, é imprudência entregar assunto tão
sério pro destino. Então, ao entrar numa idade em que acreditam estar aptas
a formar família, passam a ser mais condescendentes com o namorado em
vigência, e ele pode ser alçado a marido apenas por estar no lugar certo,
na hora certa.
Melhor seria se não fôssemos educadas pro casamento, e sim pra ser feliz.
Melhor seria se a gente não se preocupasse em seguir scripts
pré-estabelecidos, melhor seria dar uma banana para as convenções e
obedecer apenas aos sentimentos. Mas o que fazer com a vontade de ter
filhos? O que fazer com toda a experiência adquirida na infância, quando brincávamos de casinha?
A gente brincava era de caverninha, e nem sabia."
(Martha Medeiros)
Sou a segunda menina, que diz que só vai casar lá pelos 28 anos, porque antes quer viajar o mundo... A Martha tá certa, brincavamos de caverninha, espero pelo menos achar o meu "homem da caverna" certo, se o príncipe encantado não aparecer.
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